sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

O CINEMA – NOSSA HISTÓRIA (Parte Um - O Inicio)

Os Irmãos Auguste e Luis Lumiere, patentearam a invenção do primeiro projetor cinematográfico, o Cinematográfo, em 1895. Seu pai, Antoine, já era um fabricante de películas fotográficas e essa conjução de fatores, os levaram ao desenvolvimento do inovador aparelho de filmagem e projeção. Consta que, as primeiras cenas por eles captadas e exibidas  na mitológica  sessão do Grand Café em Paris, foram  mostrando a saída dos funcionários de sua fábrica em Lyon e partir daí as famosas “imagens em movimento” ganharam o mundo.  Paralelamente a invenção dos Lumiere, ocorreram descobertas similares em outros lugares e que receberam as mais variadas denominações. E foi uma dessas que aportou no Rio, em 1896. A que aqui chegou foi chamada Omniographo.

Em 08 de Julho de 1896, o Jornal do Commercio, que circulava no Rio de Janeiro noticiava: O Omniographo, que tanta atração teve em Paris...vai ser exibido de amanhã em diante, em uma casa da rua do Ouvidor” e continuando o jornal explicava do que se tratava essa novidade, “um aparelho que projeta sobre uma tela colocada ao fundo de uma sala, diversos espetáculos e cenas animadas por uma série de fotografias...”  mas avisava “aconselhamos os visitantes a se acautelarem contra os gatunos. Na escuridão negra que fica a sala durante a visão, é muito fácil aos amigos do alheio colher o que não lhes pertence.

Os Irmãos Lumiere e seu Cinematographo. Affonso Segreto e a "Empreza" dos Irmãos Segretto
Aqui começava o cinema no Brasil. O publico carioca pode experimentar  e se encantar  apenas durante um curto período com o fabuloso omniographo, mas a semente estava lançada. Já em 1897, Aurélio da Paz, apresentou o Kinetographo Português no Teatro Lucinda e o ilusionista Enrique Moya, instalou o Kinetographo de  Edison em uma sala no Rio de Janeiro. Também nesse ano, Paschoal Segreto e Cunha Salles, criaram o Salão das Novidades, que entre outras inovações tecnológicas, tinha um espaço exclusivamente e permanentemente,  dedicado ao Animatographo  Lumiere. Esse espaço regular, que fez um enorme sucesso entre os cariocas,  pode ser cravado como a primeira sala de cinema do Brasil. Coube a Affonso Segreto, irmão de Paschoal, o pioneirismo de ser o primeiro cineasta brasileiro, quando ele filmou vistas da Baia de Guanabara, a bordo do navio francês Brésil, em junho de 1898. Os jornais da época deram um grande destaque ao fato. Nascia o cinema brasileiro.

Em São Paulo coube a Cunha Salles, que havia dissolvido sua sociedade com Paschoal Segreto, no Salão das Novidades do Rio, o pioneirismo em abrir uma sala exclusiva para projeção de filmes. Em Fevereiro de 1898, ele inaugurou  em São Paulo,  a Cia. Das Novidades, similar ao projeto do Rio de Janeiro, e o cinematographo era a principal atração. Affonso Segreto,  também foi quem realizou a primeira filmagem em São Paulo, isso em 1899; Ele registrou um evento reunindo a colônia italiana, celebrando a unificação da Italia. Outro italiano, Vitor de Maio, também pode ser considerado o responsável pela introdução do cinema em São Paulo. Ele manteve pontos irregulares de exibição, até criar em 1900, o Cinematógrafo Paris, ai sim, uma sala permanente de cinema.


O Pioneiro Paschoal Segreto, a usina do Ribeirão das Lajes e Francisco Serrador, por décadas um dos grandes exibidores do Brasil.
Mas tanto no Rio, quanto em São Paulo, os Irmãos Segreto, dominaram o panorama dessa nova arte, como principais  produtores e exibidores durante alguns anos. Eles chegaram a montar um estúdio, com  equipamentos e laboratório próprios, o que lhes possibilitava a manutenção regular de programas em suas salas. Um dos problemas que impedia o crescimento de salas era o  escasso o fornecimento de energia. Isso só veio a melhorar por volta de 1907, quando no Rio de Janeiro,  o governo inaugurou a Usina Hidroelétrica do Ribeirão das Lajes e passou a ser abundante o fornecimento de energia. O efeito foi imediato e inúmeras novas salas de cinema foram inauguradas. Isso levou também a elevação da produção de filmes nacionais, afinal todas essas salas precisavam serem abastecidas. Seguindo o exemplo dos Segreto,  vários exibidores passaram a agir como importadores e produtores de filmes, entre eles Giuseppe Labanca, Giacomo Staffa, Marc Ferrez e Francisco Serrador, este ultimo criou a partir daí um império de entretenimento no Brasil e durante décadas o “circuito Serrador” teve cinemas em todas as principais cidades do Brasil.
 
(Principal fonte de pesquisa, Coleção Nosso Século, publicada pela Editora Abril, em 1980 e História do Cinema Brasileiro-Edição Circulo do Livro/1987, de Fernão Ramos)

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