Em 08 de Julho de 1896, o Jornal do Commercio, que
circulava no Rio de Janeiro noticiava: “O
Omniographo, que tanta atração teve em Paris...vai ser exibido de amanhã em
diante, em uma casa da rua do Ouvidor” e continuando o jornal explicava
do que se tratava essa novidade, “um
aparelho que projeta sobre uma tela colocada ao fundo de uma sala, diversos
espetáculos e cenas animadas por uma série de fotografias...” mas avisava “aconselhamos os visitantes a se acautelarem contra os gatunos. Na
escuridão negra que fica a sala durante a visão, é muito fácil aos amigos do
alheio colher o que não lhes pertence.”
Os Irmãos Lumiere e seu Cinematographo. Affonso Segreto e a "Empreza" dos Irmãos Segretto |
Em São Paulo coube a Cunha Salles, que havia dissolvido
sua sociedade com Paschoal Segreto, no Salão das Novidades do Rio, o pioneirismo
em abrir uma sala exclusiva para projeção de filmes. Em Fevereiro de 1898, ele
inaugurou em São Paulo, a Cia. Das Novidades, similar ao projeto do
Rio de Janeiro, e o cinematographo era a principal atração. Affonso
Segreto, também foi quem realizou a
primeira filmagem em São Paulo, isso em 1899; Ele registrou um evento reunindo
a colônia italiana, celebrando a unificação da Italia. Outro italiano, Vitor de
Maio, também pode ser considerado o responsável pela introdução do cinema em
São Paulo. Ele manteve pontos irregulares de exibição, até criar em 1900, o
Cinematógrafo Paris, ai sim, uma sala permanente de cinema.
Mas tanto no Rio, quanto em São Paulo, os Irmãos Segreto,
dominaram o panorama dessa nova arte, como principais produtores e exibidores durante alguns anos. Eles
chegaram a montar um estúdio, com
equipamentos e laboratório próprios, o que lhes possibilitava a
manutenção regular de programas em suas salas. Um dos problemas que impedia o
crescimento de salas era o escasso o
fornecimento de energia. Isso só veio a melhorar por volta de 1907, quando no
Rio de Janeiro, o governo inaugurou a Usina
Hidroelétrica do Ribeirão das Lajes e passou a ser abundante o fornecimento de
energia. O efeito foi imediato e inúmeras novas salas de cinema foram
inauguradas. Isso levou também a elevação da produção de filmes nacionais,
afinal todas essas salas precisavam serem abastecidas. Seguindo o exemplo dos
Segreto, vários exibidores passaram a
agir como importadores e produtores de filmes, entre eles Giuseppe Labanca,
Giacomo Staffa, Marc Ferrez e Francisco Serrador, este ultimo criou a partir
daí um império de entretenimento no Brasil e durante décadas o “circuito
Serrador” teve cinemas em todas as principais cidades do Brasil.
(Principal
fonte de pesquisa, Coleção Nosso Século, publicada pela Editora Abril, em 1980
e História do Cinema Brasileiro-Edição Circulo do Livro/1987, de Fernão Ramos)
O Pioneiro Paschoal Segreto, a usina do Ribeirão das Lajes e Francisco Serrador, por décadas um dos grandes exibidores do Brasil. |
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