domingo, 29 de março de 2020

OS IRMÃOS MARX

Pouco lembrados e praticamente desconhecidos para a geração atual, OS IRMÃOS MARX, sacudiram as plateias dos cinemas nos anos 30 e 40, com um estilo de humor muito peculiar  e anticonvencional, que nos dias de hoje ainda levaria a pecha de politicamente incorreto. Descendentes de judeus europeus, a família Marx chegou aos EUA, na segunda metade do século 19; Todos ligados a teatro de variedades e vaudeville os irmãos começaram a se destacar no cenário artístico só lá nos anos 20. Originariamente cantores, se descobriram cômicos e se mantiveram nessa linha que os levaria ao sucesso, graças as sátiras ao sistema e a alta sociedade, tudo com um humor caótico e irreverente. Chegaram ao cinema pela Paramount Pictures, onde realizaram cinco filmes; Por sinal, os únicos que reuniria os quatro irmãos : Chico, Groucho, Harpo e Zeppo. São considerados os melhores e mais anárquicos filmes da troupe. São eles: HOTEL DA FUZARCA(The Cocoanuts/1929), OS GALHOFEIROS(Animal Crackers/1930), BATUTAS BURLESCOS/OS 4 BATUTAS(Monkey Business/1931), OS GÊNIOS DA PELOTA(Horse Feathers/1931) e O DIABO A QUATRO(The Duck Soap/1933).


Zeppo Marx, que era o galã do grupo, após O DIABO A QUATRO, desistiu dos filmes e os três irmãos restantes deram sequencia a carreira, agora com um contrato com a Metro Goldwynn Mayers, celebrado por Irving G. Thalberg. Continuaram atraindo um grande publico, mas, apesar do aumento de qualidade dos novos filmes, o tipo de humor que os tinha alçado ao sucesso não esteve presente nos novos filmes. Na Metro, estrelaram  UMA NOITE NA ÓPERA(A Night at the Opera/1935), UM DIA NAS CORRIDAS(A Day in the Races/1937), POR CONTA DO BONIFÁCIO(Room Service/1938), OS IRMÃOS MARX NO CIRCO(At the Circus/1939), NO TEMPO DO ONÇA(Go West/1940) e  CASA MALUCA(The Big Store/1941). UMA NOITE EM CASABLANCA(A Night in Casablanca/1946)  e LOUCOS DE AMOR(Love Happy/1949), foram produzidos pela United Artists.   Em 1957, os três se reuniriam novamente em A HISTÓRIA DA HUMANIDADE(The Story of Mankind), uma ambiciosa, mas mal sucedida produção da Warner Bros. Aceitaram fazer este ultimo filme juntos, para ajudar o irmão mais velho, Chico, que estava naufragado em dividas de jogo. Ele era viciado em poker.


Mas foi Chico (na verdade Leonard Marx, 1887/1961) que guiou os irmãos ao sucesso. Além de gerenciar os primeiros anos do grupo nos teatros e até, em uma excursão a Londres, foi ele quem negociou os contratos de cinema com a Paramount e a Metro. Groucho (na verdade Julius Henry Marx, 1890/1977), aparecia sempre como o líder do grupo, com seu bigodão pintado e o charuto pendente na boca, tinha uma língua ferina, com tiradas que ficaram famosas. Teve, de todos, a carreira mais profícua, com participação em vários filmes solo, programas de TV e escreveu dois livros Groucho and Me (1959) e Memoirs of a Mangy Lover (1964). Groucho morreu três dias após a morte de Elvis Presley e isso ofuscou, na imprensa,  a perda de um dos maiores comediantes de todos os tempos. Harpo(na verdade Adolph Marx, 1888/1964) na realidade, nunca foi mudo, apesar de nos filmes nunca ter dito uma só palavra. Foi o mais popular dos irmãos, sempre com os cabelos claros como de um anjo,  uma cartola e roupa sempre desarranjada, além de ser um harpista habilidoso, sempre reservando para si um numero musical com esse instrumento nos filmes. Mudou oficialmente seu nome verdadeiro para Arthur, devido a seu nome de nascimento ser o mesmo de Hitler. Zeppo (na verdade  Herbert Marx, 1901/1979) abandonou a carreira de ator e passou agenciar o grupo. Houve um quinto irmão chamado Gummo (na verdade Milton Marx, 1892/1977);  No inicio era também da troupe, mas já não estava no grupo quando sucesso chegou. A partir de certo ponto ele e Zeppo, passaram a gerenciar  a carreira dos irmãos e ele acabou se tornando um agente de sucesso em Hollywood. Em 1977,  OS IRMÃOS MARX foram agraciados com uma estrela no Hall da Fama, em Hollywood.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

WALTER FIELD, O Homem dos 2 Mil Filmes.

Pesquisando filmes e gente que faz filmes, as vezes nos deparamos com noticias inusitadas. A alguns anos (quer dizer, bastante anos) atrás me deparei com a noticia em um jornal qualquer(não me lembro qual) sobre a morte de um ator chamado Walter Field. Ele morreu no 05 de Junho de 1976. O que chamou me chamou atenção na noticia, não foi a idade que ele tinha ao morrer, ele morreu com 101 anos, e era o ator americano mais velho até então; O que me chamou mais atenção foi a informação de que ele tinha participado de mais de 2.000 filmes.

Esse registro estava datilografado em um canto qualquer de meus arquivos e segundo ele Walter Field,  havia participado de filmes como BORN TO FIGHT(1936), DUAS ALMAS SE ENCONTRAM(1935) e TOO HOT  TO HANDLE(1950) e seu ultimo trabalho foi na TV, em um episódio da série MEDICAL CENTER(1969-1976).

Partindo para uma pesquisa mais acurada, não descobri registros dele  em nenhum lugar, nem mesmo no IMDB, mas descobri a fonte noticiosa que registrou a morte deste desconhecido ator. A noticia saiu no New York Times, na edição de 9 de Junho de 1976 (conforme o link que deixo abaixo) e na mesma nota, encontrei a explicação para a enorme quantidade de filmes em que participou: ele era um extra, um figurante. Extras ou figurantes são aqueles “atores” que não tem participação ativa no roteiro do filme; Eles apenas compõe o cenário, fazem parte de multidões, transeuntes nas ruas, os soldados que morrem nas batalhas, os índios que atacam a caravana, etc... etc...

Isto pode ser deduzido porque, segundo a noticia, o fato foi comprovado pelo SEG ou melhor o THE SCREEN EXTRAS GUILD. O SEG, foi uma entidade classista americana  que congregava todas aqueles que se encaixavam na categoria de EXTRAS ou FIGURANTES  e funcionou de 1942 a 1992. A partir de 1992, o SAG-Screen Actors Guild, que é o poderoso sindicato dos atores americanos, assumiu o SEG e os interesses da classe que ela representava.

O link da noticia publicada no New York Times:
https://www.nytimes.com/1976/06/09/archives/walter-field-101-dies-acted-in-2000-films.html

terça-feira, 11 de junho de 2019

CINEMATECA FRANCESA

Henri Langlois, o fundador da Cinemateca Francesa. O prédio onde hoje funciona e aspectos interiores, mostrando uma sala de projeção, museu e biblioteca.
Com seus mais de quarenta mil filmes, milhares de documentos e objetos relacionados  a cinema, a Cinemateca Francesa é um patrimônio mundial no que se refere ao mundo do cinema. Dedica-se, principalmente, a preservação e  restauração de filmes, constituindo-se uma das maiores bases de dados, vindos de todo o mundo, no que se refere a arte cinematográfica.

Fundadores do Cineclube Cercle du Cinéma, Henri Langlois e Georges Franju, tinham por objetivo recuperar, salvar e divulgar filmes antigos, que naquela época se perdiam muito rapidamente. Muito bem sucedido nesse trabalho, Henri Langlois recebeu a missão de criar a Cinemateque Française ou CINEMATECA FRANCESA. Uma entidade privada financiada por doadores particulares, que com o tempo passou a contar com ajuda estatal, pela grandiosidade de seus objetivos. Em 1947, a cinemateca ganhou um prédio de três andares, em Paris, que se transformou  em ponto de encontro de nomes como François Truffaut, Jean Luc Godard, Jacques Rivette e Eric Rohmer.

Em 1955, nova mudança, com ampliação da sala de projeção . Em 1963, sempre visando a ampliação do espaço, mais uma mudança com maior apoio estatal, graças ao Ministro da Cultura francês, André Malraux. Em 1968, acompanhando a grande movimentação social que se estabeleceu nesse ano, o governo francês exigiu uma mudança de gestão na entidade e foi formado um comitê de cineastas, que reintegraram Henri Langlois a direção da Cinemateca. Mostrando a grande importância da cinemateca, até mesmo cineastas como Stanley Kubrick e Charlie Chaplin, participaram deste processo.

A grande importância de Henri Langlois, dentro da indústria, ficou comprovada quando em 1974, ele teve sua carreira premiada com um Oscar Honorário e depois  um César, que é o maior prêmio do cinema francês.  Mas em 1977, após a morte de Langlois, a Cinemateca passou por um período de dificuldades financeiras, chegando inclusive, a ser ameaçada de perder parte de seu acervo. O socorro veio com o Ministro da Cultura francês da época, Jack Lang, que aumentou de seis para 14 milhões de francos,  as verbas destinadas a instituição, que passou, então,  a partir de 1981, a ser presidida pelo cineasta Constantin Costa Gravas. Houve uma dinamização nos projetos a partir daí com a construção de uma nova sede, que reuniu em um só lugar todos os setores (salas de projeção, biblioteca, fototeca, museu)  da entidade. Houve também uma abertura a participação de outros países.

Outras mudanças ocorreram, inclusive a partir de um incêndio ocorrido em 1977, mas a Cinemateca Francesa manteve-se firme em seus propósitos se adaptando, inclusive, as novas formas de exibição e preservação.  Aberta hoje ao grande publico, oferece aos visitantes mostras de filmes, museu com objetos cinematográficos, biblioteca e exposições dedicadas a grandes nomes do cinema. Um grande espaço da Sétima Arte, que através de seus mais de 80 anos , se transformou em um patrimônio cultural e artístico do cinema mundial.

sábado, 8 de junho de 2019

TRASH MOVIES: JOHN WATERS E Cia.

John Waters e trash-movies  são sinônimos. Waters, hoje com mais de 70 anos, principalmente numa primeira fase de sua carreira, fez filmes em que o mau gosto se generalizava de uma maneira extrema e repulsiva. Com isso ele elevou  o termo ‘trash-movie’ a seu potencial máximo. Mesmo porque, em certo momento da história cinematográfica contemporânea, o que era caracterizado por esse termo eram filmes ruins. Literalmente pobres tecnicamente e absolutamente medíocres artisticamente. Toda essa ruindade levou a alguns desses filmes e cineastas a serem idolatrados por uma parcela do público e aí seus filmes se tornaram ‘cult-movies’. Paradoxo? Acho que não. ‘Cult Movie’ é uma terminologia que pode identificar filmes dos genêros mais variados e que são cultuados por um públicos específico. 

Edward D. Wood Jr. e duas de suas obras primas: PLANO 9 DO ESPAÇO SIDERAL e GLEN OR GLENDA. Também duas pérolas de ouro da ficção nos anos 50: ROBOT MONSTER e MUNDOS QUE SE CHOCAM, onde se dá prá notar que os olhos do ET, eram duas bolas de ping pong pintadas(?)....


Ed Wood, que é considerado o pior cineasta de todos os tempos, também é autor de alguns dos maiores trash-movies da história. Isso é claro, considerando a terminologia aplicada aos maus feitos. Seu PLANO 9 DO ESPAÇO SIDERAL  é considerado o pior filme de todos tempos. Financiado por uma igreja, em troca da conversão dos técnicos e atores, era estrelado por um ultra decadente Bela Lugosi, que morreu em meio as filmagens. Sem se abalar, o diretor Ed Wood, o substituiu pelo seu pedicure(em alguns relatos seu dentista), vestindo-o com uma capa negra o resto do filme. É hilário ver pratos pendurados em cordas representando os discos voadores. Fica a indagação: será que Ed Wood, transexual, alcóolatra  e ateu confesso, se converteu para cumprir seu contrato? GLEN OR GLENDA(1953)  e A NOIVA DO MONSTRO(1955), são outras pérolas de suas filmografia.

O ATAQUE DOS TOMATES ASSASSINOS, TOXIC AVENGER, SURFISTAS NAZISTAS TEM DE MORRER, A CENTOPEIA HUMANA  e RUBBER-O PNEU ASSASSINO, mantendo a tradição da ruindade.
Nos anos 50 e 60, a ficção cientifica foi a bola da vez dos trash-movies. Filmes como ROBOT MONSTER/1953 e  MUNDOS QUE SE CHOCAM/1954, além do já citado PLAN 9, são exemplos máximos disso. E essa corrente foi se alastrando através de anos e anos de filmes ruins (ou bons de tão ruins?) . Basta dar uma olhada superficial através da produção mundial de filmes,  que dá prá selecionar filmes como ATAQUE DOS TOMATES ASSASSINOS(1978), THE TOXIC AVENGER(1986),  SURFISTAS NAZISTAS DEVEM MORRER(1987), A CENTOPEIA HUMANA(2009) e até RUBBER-O PNEU ASSASSINO(2010). Mas são apenas algumas citações;  Como  estes existem centenas.


Provando que o que é ruim sempre tem seu espaço, vejá só essas duas séries. E olha que cada uma delas tem mais três exemplares.
Atualmente com a popularização da tecnologia de efeitos via computador, todos os níveis do ridículo foram ultrapassados.  Já tem O ATAQUE DO TUBARÃO DE DUAS CABEÇAS(2012) com extensões para 3, 4, 5 e 6 cabeças. E O SHARKNADO(2013)? Já está na sexta sequencia. Os tubarões que se misturam a tornados, já atacaram até no Velho Oeste(?). Mas não são só tubarões. Vários outros animais como cobras, crocodilos, ratos, ganharam suas atrocidades. Pois é,  e uma característica marcante destes filmes é que eles sempre dão vazão a sequencias; Praticamente todos desses filmes acima citados tiveram sequencias, porque tem publico para vê-los. Uma das explicações mais relevantes é que esses filmes não se levam a sério; São feitos propositalmente para chamar atenção por sua ruindade e pegam o publico pelo humor. O publico se diverte com a história artisticamente  mal contada e com os (d)efeitos especiais (mal) usados.

John Waters e alguns de seus "filhotes", todos estrelados por Divine. MONDO TRASHO, PROBLEMAS FEMININOS, POLYESTER e PINK FLAMINGOS.
Aqui voltamos a John Waters, o rei dos trash-movies. Os filmes-lixo  de Waters, pendem para o mau gosto extremo. Nada de ficção, mas subversão total dos costumes.  A sua corrente trash teve alguns outros representantes como Andy Warhol(BAD/1977) e Paul Morissey (FLESH/1969, TRASH/1970 e HEAT/1972), mas Waters superou a todos. Descobridor da travesti  obesa Divine(1945-1988), foi com ela que cometeu suas maiores perversões fílmicas. Em filmes como MONDO TRASHO(1969), PINK FLAMINGOS/1972 e PROBLEMAS FEMININOS/1974, Divine comeu(sem truques) fezes, foi estuprada por uma lagosta gigante e expôs, em close, seu ânus. POLYESTER(1981), por exemplo, foi filmado num processo chamado Odorama;  O espectador recebia na entrada do cinema uma cartela, onde através dos números na tela ele cheirava na cartela todos os odores  que os personagens do filme sentiam... a maioria deles bem desagradáveis. Mas, a partir deste filme, Waters amenizou seu discurso transgressor e passou a ter um relacionamento mais leve com o mercado.

Trash-Movies, filmes lixo, cinema porcaria... a parte mais pobre da arte cinematográfica. Mas tem seu público. Por isso está em cartaz, a tanto tempo.

terça-feira, 4 de junho de 2019

FIVE LOST HITCHCOCKS

Pouco se falou disso, mas por mais de 20 anos, o diretor Alfred Hitchcock(1899-1980) “escondeu” do público cinco de seus melhores filmes. Ele impediu seu relançamento nos cinemas e sua exibição na televisão. Estes filmes ficaram conhecidos como  "Five Lost Hitchcocks". Ele nunca deu uma razão exata para isso. Segundo informações de pessoas próximas, não contente com as versões apresentadas no lançamento nos cinemas, ele pretendia reeditar esses filmes para um possível relançamento. Relata-se também que ele tinha adquirido a exclusividade dos direitos desses filmes,  com objetivo de deixa-los como patrimônio a sua filha. Pode ser. Lançados entre 1949 e 1958, os filmes que ele reteve foram os seguintes:

FESTIM DIABÓLICO”(The Rope/1948) Com James Stewart
JANELA INDISCRETA”(Rear Window/1954) Com James Stewart e Grace Kelly
O HOMEM QUE SABIA DEMAIS”(The Man  who knew too much/1956) Com James e Doris Day
O TERCEIRO TIRO”(The Trouble with Harry/1956) Com Shirley McLaine
UM CORPO QUE CAI”(Vertigo/1958) Com James Stewart e Kim Novak

Os Cinco Filmes que Hitchcock não quis relançar em seus recortes â época de seu lançamento original.
Hitchcock morreu antes de concretizar esse possível plano de reedição, mas assistindo esses filmes hoje, conforme apresentados em sua versão original, é difícil achar um jeito de melhora-los. Após a sua morte todos eles ganharam relançamentos nos cinema de todo o mundo e também no mercado de home-video que estava em pleno florescimento na época. O primeiro que ganhou um relançamento foi  JANELA INDISCRETA,  um antológico drama de suspense com Hitchcock fazendo jus a alcunha de mestre do suspense e dando uma aula de técnica cinematográfica, centrando a história em um “herói” imobilizado, onde através de sua janela gira toda a ação do filme. Em FESTIM DIABÓLICO, que foi seu primeiro filme em cores, ele filmou apenas 10 tomadas, para narrar toda a história do filme; Foram 10 tomadas de dez minutos cada. As passagens de cena ou cortes, foram realizadas por trás de colunas ou cortinas. Vieram na sequencia UM CORPO NO CAI, O TERCEIRO TIRO  e O HOMEM QUE SABIA DEMAIS, todos filmes inovadores em tramas e que exploraram novas técnicas cinematográficas. Será que o uso dessas inovações eram a razão de Hitchcock  desejar reedita-los?

James Stewart(1908-1997), astro em quatro deste cinco filmes, deu uma outra possível razão pela qual Hitchcock teria mantido inacessíveis ao público esses cinco filmes. Segundo ele, a razão foi um processo movido contra ele por um dos argumentistas de JANELA INDISCRETA, que obrigou o cineasta a gastar muito dólares e cujo o resultado não lhe foi favorável.

domingo, 2 de junho de 2019

ESPIRAL DE PAIXÕES

Em 1981, enquanto rolava a terceira temporada da famosa série de TV, CASAL 20 uma funesta coincidência abalou os bastidores da produção, atingindo principalmente o casal protagonista da série: Robert Wagner e Stefanie Powers. No dia 16/11/1981, William Holden, companheiro de Stefanie foi encontrado morto em sua casa, vitima de perda de sangue ocasionada por  um ferimento na cabeça, consequência de uma queda, após uma bebedeira. Exatamente 13 dias depois, em 29/11/1981, foi a vez de Natalie Wood, esposa de  Wagner, desde 1973, morrer  por afogamento, em circunstancias que podem ser consideras misteriosas.

Sefanie Powers  & William Holdem / Natalie Wood & Robert Wagner / Robert Wagner & Jill St. John / O CASAL 20, Robert Wagner & Stefanie Powers
William Holden(1918-1981) é considerado um dos expoentes da era de ouro em Hollywood e na época de sua morte mantinha um relacionamento afetivo com Stefanie desde 1975. Ambos eram ativistas pela proteção da vida animal e depois da sua morte Stefanie criou a William Holden Wildlife Foundation, com sedes na Califórnia e no Kenya, da qual Stefanie Powers, hoje com 78 anos, ainda é presidente. Junto com Robert Wagner, ela protagonizou a série CASAL 20(Hart to Hart/1979-1984), por cinco temporadas e 110 episódios. A série foi enorme sucesso em todo o mundo, inclusive no Brasil. Os dois faziam um casal de milionários sempre envolvidos em casos de assassinatos e espionagem; Ao lado deles o indefectível mordomo Max e o cãozinho Freeway.

Casal 20
Natalie Wood(1938-1981) foi, sem nenhuma dúvida, um dos rostos mais bonitos da galeria hollywoodiana. De atriz mirim(começou aos 5 anos) até a fase adulta, nunca perdeu o status de estrela. Aos 17 anos, recebeu sua primeira indicação ao Oscar por JUVENTUDE TRANSVIADA.  Wood e Robert Wagner, foram casados duas vezes; O primeiro casamento foi de 1957 a 1962, quando se divorciaram.  Em 1972, se casaram novamente, ficando juntos até a morte da atriz em 1981. Um fato curioso, mas nunca confirmado,  é que Natalie tinha muito medo de agua, porque uma cigana havia previsto a sua morte em circunstancias de afogamento e foi exatamente o que aconteceu. Ela estava em companhia de Wagner e do ator Christopher Walken,  a bordo do iate Splendour. Relatou-se que após uma violenta discussão entre Wagner e Walken, ela dirigiu-se ao convés e teria pego um bote para voltar a ilha de Santa Catalina. Ela não sabia nadar e pouco tempo depois foi encontrada morta, boiando, num local próximo ao barco.

Robert Wagner, hoje com 89 anos, começou  no cinema nos anos 50 e sempre se manteve em atividade, apesar de um pequeno hiato nos anos 60, quando fez uma ótima transição para a TV, produzindo e atuando em séries como SWITCH(1975-1978) e CASAL 20(1979-1984). Hoje, graças a investimento em ações, propriedades imobiliárias, patrocínios, etc..., o veterano ator acumula um patrimônio milionário. Em sua biografia “Pieces of My Heart”, ele admite o sentimento de culpa pela morte de Natalie, dizendo “quando você está casado com alguém você é responsável. Eu tenho pensado nisso mais de um milhão de vezes na minha vida...”.

Natalie Wood, Stefanie Powers e  Jill St. Jonh
Nesse espiral de estrelas chegamos a Jill St. John.  Stefanie Powers, Natalie Wood e Jill, se conheciam e eram amigas desde a escola de ballet, onde se conheceram. Jill, hoje com 79 anos,  conhecia Robert Wagner desde que tinha 18 anos e juntos apareceram em sete filmes e assim, concluindo esse espiral estelar , desde 1990, os dois estão casados. Mais um elemento prá esse espiral: Jill e Lana Wood, irmã de Natalie, estiveram juntas no filme 007-OS DIAMANTES SÃO ETERNOS, e não se dão bem até hoje. Inimizade nascida devido a durante as filmagens o ator Sean Connery manter um relacionamento com as duas ao mesmo tempo.

sexta-feira, 31 de maio de 2019

VERA CRUZ, UM SONHO NACIONAL

Final da primeira metade do século, depois da Segunda Grande Guerra e o cenário artístico de São Paulo era efervescente graças, principalmente,  a atuação de homens como Francisco Matarazzo Sobrinho, mais conhecido como Cecillo, e Franco Zampari, o criador do mítico TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). Francisco, o Cecillo , foi o criador e idealizador do MAM(Museu de Arte Moderna de São Paulo). Mas esses dois viveram um sonho maior. Eles queriam criar uma Hollywood  brasileira. Eles queriam fazer cinema em escala industrial, com qualidade internacional. E desse sonho nasceu a Cia. Cinematográfica Vera Cruz 

Estudios Vera Cruz / O Diretor Adolfo Celi, que veio do TBC / O Cineasta Alberto Cavalcanti, primeiro executivo da Vera Cruz
Inaugurada em 04/11/1949, com um capital de 7,5 milhões de cruzeiros, um gigantesco estúdio foi erguido numa imensa área verde de São Bernardo do Campo(SP), que cobria 101 mil metros quadrados e com 25 mil metros quadrados de edificações. Eram seis palcos de filmagens, oficinas mecânicas, carpintaria,  apartamentos residenciais, frotas de automóveis,  uma grande cidade cenográfica para filmagens de exteriores e um laboratório fotográfico capaz de processar 700 cópias por dia.  Tecnicamente importou-se o que havia de melhor para captação de imagens: Quatro câmaras Mitchell, uma Cameflex, uma Arriflex, uma Yemo e uma Neval.

Filmes da Vera Cruz
Para dirigir essa empresa, Zampari chamou Alberto Cavalcanti, cineasta brasileiro que gozava de um grande prestigio internacional na época. Com essa enormidade de recursos, Cavalcanti contratou técnicos ingleses e italianos, os melhores diretores brasileiros na época e um grande elenco nacional. Os galãs da Vera Cruz recebiam 35 mil cruzeiros mensais, as estrelas, 18 mil cruzeiros e o celebrado fotografo  Chick Fowle, 42 mil por mês. O primeiro filme da empresa foi CAIÇARA, dirigida pelo italiano Adolfo Celi, oriundo do TBC, uma produção conturbada e cheia de contratempos, cuja as filmagens, realizadas em Ilha Bela,  demoraram cerca de seis meses. Já em 1951, Cavalcanti deixaria a Vera Cruz, sendo substituído por Fernando de Barros, que vinha do cinema carioca.


Em 1954, depois de 18 filmes de ficção e mais 4 documentários, a Vera Cruz, graças a dividas enormes e uma  administração incompetente, abriu falência e encerrou suas atividades. A maioria de seus filmes deu prejuízo. Ironicamente, um filme que Zampari não queria fazer, O CANGACEIRO(1953)  de Lima Barreto, foi de todos os filmes da Vera Cruz, o que deu mais dinheiro. Rendeu milhões mundo afora. Mas a Vera Cruz não se aproveitou disso. Ela havia vendido antecipadamente os direitos do filme para a norte americana, Columbia. Os enormes estúdios foram assumidos pelo Banco do Estado de São Paulo, principal credor, e ainda funcionaram durante muitos anos, com muitos filmes sendo realizados ali.

 
A Vera Cruz deixou uma marca indelével no contexto cinematográfico brasileiro. E se não houve um retorno financeiro, a qualidade de seus filmes elevou o cinema brasileiro a um nível internacional. A geração de diretores, atores e técnicos que trabalharam na Vera Cruz, ficarão marcados pelo elevado nível artístico  que empresa exigia de seus funcionários. Sua experiência frustrada no mercado de distribuição e retorno de recursos, abriu os olhos das novas produtoras e produtores, que surgiriam dali em diante, para as armadilhas desse mercado. E se nada disso conta, é bom lembrar que foi da Vera Cruz que surgiu um dos nossos maiores campeões de bilheteria de todos os tempos, o inesquecível brejeiro caipira Mazzaroppi.

Os Filmes da Vera Cruz:
1950-CAIÇARA-Direção Adolfo Celi. Com Eliane Lage
1951-TERRA SEMPRE TERRA-Direção Tom Payne Com Marisa Prado e Mário Sérgio
1951-ANGELA-Direção Tom Payne Com Eliane Lage e Alberto Ruschell
1952-APASSIONATA-Direção Fernando de Barros Com Tonia Carrero e Anselmo Duarte
1952-SAI DA FRENTE-Direção Abilio Pereira de Almeida Com Mazzaroppi
1952-TICO TICO NO FUBÁ-Direção Adolfo Celi Com Tonia Carrero, Anselmo Duarte e Marisa Prado
1952-VENENO-Direção Gianni Pons Com Lenora Amar e Anselmo Duarte
1953-UMA PULGA NA BALANÇA-Direção Luciano Salce Com Waldemar Ney
1953-FLORADAS NA SERRA-Direção Luciano Salce Com Jardel Filho e Cacilda Becker
1953-SINHÁ MOÇA-Direção Luciano Salce Com Eliane Lage e Anselmo Duarte
1953-O CANGACEIRO-Direção Lima Barreto Com Alberto Ruschell e Marisa Prado
1953-ESQUINA DA ILUSÃO-Direção Ruggero Jacobi Com Alberto Ruschell  
1953-A FAMILIA LERO LERO-Direção Alberto Pieralisi  Com Walther D’Avila
1953-LUZ APAGADA-Direção Carlos Thiré Com Mário Sérgio
1953-NADANDO EM DINHEIRO-Direção Carlos Thiré Com Mazzaroppi
1954-É PROIBIDO BEIJAR-Direção Ugo Lombardi Com Tonia Carrero e Mário Sérgio
1954-CANDINHO-Direção Abilio Pereira de Almeida Com Mazzaroppi
1954-NA SENDA DO CRIME-Direção de Flaminio B.Cerri Com Cleyde Yaconis e Miro Cerni

E ainda os documentários: PAINEL(1950/De Lima Barreto), SANTUARIO(1950/De Lima Barreto),
OBRAS NOSSAS(1953) e SÃO PAULO EM FESTA(1954/De Lima Barreto).

PS. Consta de alguns relatos que Vera Cruz teve participação na produção do filme O AMERICANO(The Americano/1955). Segundo o informativo Cine Repórter, Julho de 1953, esses contatos realmente aconteceram, sendo inclusive firmado um contrato com o produtor Robert Stillman, que rezava que a Vera Cruz seria co-produtora do filme e que esse filme seria filmado em inglês e português, a partir de um roteiro previamente aprovado pela produtora brasileira. Mas o produtor americano não cumpriu esse contrato (não apresentou o roteiro pronto e nem quis a versão em português do filme), assim sendo a Vera Cruz considerou encerrado  o contrato e não teve participação no filme.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

TRÊS DESTINOS CONECTADOS

Três destinos conectados. Três nomes ligados por tragédias... Três estrelas do firmamento  hollywoodiano. Um, hoje, legendário, os outros dois, menos conhecidos, mas ainda assim estrelas.

James Dean e os filmes que o levaram ao estrelato.
O primeiro deles, vértice deste triangulo, foi James Dean(1931-1955), símbolo  rebelde  da juventude nos anos 50; Ele passou como cometa por esse firmamento, mas foi eternizado como um astro de primeira grandeza. E não sem razão. Depois do meteórico sucesso alcançado com  os filmes  VIDAS AMARGAS(1955) e JUVENTUDE TRANSVIADA(1955), no auge do sucesso e com apenas 24 anos, ele morreu em um acidente rodoviário quando bateu seu Porshe 550 Spyder, numa estrada da Califórnia. Ele dirigia em alta velocidade. Seu ultimo filme ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE(1956), foi lançado depois de sua morte. Teve, por isso, duas indicações póstumas ao Oscar, sendo o único ator conseguir isso. Lançou um modelo de interpretação e comportamento, que seriam copiados por toda uma geração e foi amado por homens e mulheres, da mesma maneira. Confira abaixo, outras duas pontas desse coincidente triangulo de tragédias.

Sal Mineo e alguns de seus principais filmes
Sal Mineo(Salvatore Mineo Jr./1936-1976), trabalhou com James Dean em dois filmes JUVENTUDE TRANSVIADA(1955) e ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE(1956)  era filho de emigrantes italianos e logo aos 10 anos foi preso por roubo; Mas  diante da opção entre ser preso e entrar para uma escola de atuação, fez a segunda opção. Teve sorte, participou de peças e alguns filmes e por seu papel em JUVENTUDE TRANSVIADA  foi indicado ao Oscar. Nesse período é fato que manteve uma relação afetiva com Dean, que tinha uma sexualidade ambivalente. Inquirido sobre sua sexualidade James Dean teria dito: "Não, eu não sou homossexual. Mas também não vou passar a vida preso à um rótulo."  Consta que Dean despertou tanta paixão em Mineo, que após a morte do ator, ele sempre buscou por rapazes que tivessem o tipo físico similar de James Dean, para se relacionar. Sal Mineo, fez muito sucesso no final dos anos 50 também como cantor, mas nunca parou de atuar em filmes ou no teatro, até 12 de Fevereiro de 1976, quando voltando para sua casa, depois de um ensaio,  foi  morto com apenas um golpe de faca direto no coração, em um beco que ficava atrás de seu apartamento  em West Hollywood, Califórnia. Ele tinha 37 anos.

Pier Angeli e alguns de seus principais filmes.
Pier Angeli(Anna Maria Pierangeli/1932-1971) era italiana, nascida em Cagliari. Era irmã gêmea de Marisa Pavan, outra grande atriz do cinema italiano. Pier Angeli  iniciou sua carreira na Italia, estrelando ao lado de Vittorio de Sica, o drama AMANHÃ SERÁ TARDE DEMAIS(1950), depois de alguns filmes na Italia, mudou-se para Hollywood já contratada pela Metro. Estrelando filmes como MEXICO DOS MEUS AMORES(1953),  O CÁLICE SAGRADO(1954), MARCADO PELA SARJETA(1956)  e muitos outros, alcançou grande popularidade.  Em 1954, durante as filmagens de O CÁLICE SAGRADO conheceu James Dean. Foi o inicio de uma grande paixão, vivida intensamente pelo casal, que chegou a cogitar casamento; Mas a mãe dela, foi contra, preocupada com o comportamento extravagante de Dean e também, por ele não ser católico. E isto determinou o fim do relacionamento. Pier acabou se casando com o cantor Vic Damone e posteriormente com compositor musical italiano  Armando Trovajoli; Teve dois filhos, um de cada casamento. No dia de 10 de Setembro de 1971, Pier Angeli, morreu vitima de uma overdose de barbitúricos . Ela tinha 39 anos. Em uma entrevista, publicada três anos depois da morte da atriz, ela descreveu detalhes românticos de seu caso com James Dean e confessou que ele foi o único homem que ela, realmente, amou.

terça-feira, 28 de maio de 2019

SPENCER TRACY & KATHARINE HEPBURN


Spencer Tracy(1900-1967)  e Katharine Hepburn(1907-2003) formaram uma das duplas mais talentosas de atores no cenário hollywoodiano; Tracy ganhou o Oscar de melhor ator 2 vezes (MARUJO INTRÉPIDO/1937 e COM OS BRAÇOS ABERTOS/1938) e Hepburn, levou o prêmio de Melhor Atriz em 4 ocasiões(MANHÃ DE GLÓRIA/1934, ADVINHE QUEM VEM PARA JANTAR/1967, O LEÃO NO INVERNO/1968 e NUM LAGO DOURADO/1981).  Estiveram juntos em nove filmes, a partir de 1942, formando uma das duplas mais queridas do cinema.

Mas o que chama mesmo a atenção e a relação que os dois mantiveram durante mais de duas décadas. Uma união que durou até a morte de Tracy em  1967, pouco depois de terminarem de fazer ADVINHE QUE VEM PARA JANTAR”, seu ultimo trabalho juntos e também o ultimo de Spencer Tracy.  Inclusive Hepburn, interrompeu sua carreira durante cerca de cinco anos, apenas para cuidar da saúde de seu parceiro. Ambos muito tímidos viveram uma história da qual não se falou abertamente durante muitos anos e que os dois cultivaram como se fosse uma amizade profunda, principalmente por que Katharine tinha uma politica rigorosa quanto a sua vida privada e  Spencer Tracy ainda  era casado com Louise Treadwell; Estavam  separados, mas em respeito a sua formação católica nunca se divorciou. Assim Spencer Tracy e Katharine Hepburn, superando convenções sociais e pessoais, se mantiveram juntos e dedicados um ao outro até o fim. Só anos mais tarde, na década de 80, após a morte de Louise, Katharine falaria dessa relação. Em Hollywood, muito se falou das preferências sexuais do casal e que eles se ajudavam mutuamente na busca de parceiros, um para o outro. Mas, por maiores que sejam as evidencias ou confidencias indiscretas de parceiros, nenhum dos dois nunca falou sobre isso.
 
 
Seus filmes juntos:
MULHER DO DIA(Women of the Year/1942)
O FOGO SAGRADO(Keeper of The Flame/1942)
SEM AMOR(Without love/1945)
MAR VERDE(The Sea of Grass/1947)
SUA ESPOSA E O MUNDO(State of the Union/1948)
A COSTELA DE ADÃO(Adam’s Rib/1949)
MULHER ABSOLUTA(Pat and Mike/1952)
AMOR ELETRÔNICO(Desk Set/1957)
ADVINHE QUEM VEM PARA JANTAR(Guess who’s coming to dinner/1967)

segunda-feira, 27 de maio de 2019

ALFRED HITCHCOCK e THE SHORT NIGHT

Dois momentos do famoso mestre do suspense, Alfred Hitchcock e as capas dos livros em que se baseariam seu ultimo filme THE SHORT NIGHT.
Alfred Hitchcock morreu tranquilamente durante o sono no dia 29 de Abril de 1980, aos 79 anos. Hitchcock trabalhava  no projeto de um novo filme chamado THE SHORT NIGHT.  Com elementos de espionagem e romance, o roteiro seria baseado no livro homônimo escrito por Ronald Kirkbride e também na história real do agente duplo George Blake, contada no livro “The Springing of George Blake” de Sean Bourke. Hitchcock comprara os direitos dos dois livros. O roteirista Ernest Lehman(A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO, ANOVIÇA REBELDE)  iniciou com ele a confecção do roteiro, mas Hitchcock o dispensou e contratou o jovem David Freeman, para reescrever com ele, um novo roteiro. A morte do famoso diretor impediu a realização do filme, que a época chegou a ser anunciado que seria feito por outro diretor; Freeman chegou a publicar esse roteiro, mas o filme nunca chegou a ser feito...

Na história um agente duplo, Gavin Brand,  escapa de uma prisão em Londres; Para caça-lo a CIA chama, Joe Bailey, um agente  cujo o irmão, foi uma das vitimas do agente fugitivo. Nesta caçada, Bailey acaba encontrando e se apaixonando por Carla, a esposa de Brand. Quando Brand aparece e fica sabendo de tudo, ele sequestra a mulher  e Bailey, parte para o resgate que vai terminar em um trem,  próximo a fronteira russa. Vários atores foram cogitados por Hitchcock para trabalharem no projeto, desde Catherine Deneuve e Liv Ulmann, para o principal papel feminino até Walther Mathau, Ed Lauter, Sean Connery, Clint Eastwood e Steve McQueen, nos papéis masculinos. Era para ser filmado em locações na Finlandia, mas já preocupada com as condições de saúde do diretor a Universal, que iria produzir o filme, cancelou o projeto.

TRAMA MACABRA, o ultimo filme.
Assim TRAMA MACABRA(Family Plot, 1976) ficou sendo o ultimo trabalho do diretor. Em 1999, foi descoberto um roteiro tratando de um filme chamado KALEIDOSCOPE, que Hitchcock quis rodar em 1967, mas que não foi adiante; Ao que consta, inclusive, já com várias cenas filmadas utilizando atores amadores.

domingo, 26 de maio de 2019

A NOVIÇA REBELDE, Um Filme para sempre e para todos

Em 1965, quando a Fox lançou o filme A NOVIÇA REBELDE, ela atravessava enormes dificuldades financeiras, que já vinham de anos anteriores, mas agravadas, principalmente, pelos  gastos com a superprodução CLEOPATRA, estrelada por Elizabeth Taylor e que não se pagou nas bilheterias. O enorme sucesso alcançado por A NOVIÇA REBELDE,  salvou a Fox da bancarrota e lhe deu um alento enorme para continuar no mercado. Enorme sucesso de publico, ganhou cinco  Oscars, incluindo o de melhor filme, é realmente um filme merecedor de todos os méritos a ele atribuídos e, ainda hoje, passados mais de cinquenta anos, é cultuado por uma enormidade de fãs. E isso é um feito e tanto, visto que, sempre houve uma certa relutância por parte do publico no que se refere a filmes musicais e este, é sim um musical em toda a extensão do gênero.  Lançado em 1965, A NOVIÇA REBELDE, desbancou ...E O VENTO LEVOU que era detentor, até então, do recorde de bilheteria nos cinemas americanos.


A NOVIÇA REBELDE conta a história da postulante a freira, Maria, uma garota criada nas belíssimas montanhas austríacas de Salzburgo e que acaba como babá de oito crianças, filhas do austero e viúvo Capitão Von Trapp. Ele cria as crianças sob uma disciplina militar, mas a teimosa noviça, traz a alegria de volta a essa família e acaba conquistando o coração do sisudo Capitão; Como pano de fundo a ocupação da Áustria pelas forças nazistas e a provável convocação do capitão para integrar as forças de ocupação, fato que ele abomina, como patriota que é. A história é real e aconteceu pouco tempo antes do inicio da Segunda Grande Guerra, mas, é claro, no filme tudo é transformado e romantizado para atender o gosto do público. Isso gerou até algumas controvérsias na época, mas foi tudo esquecido diante da qualidade e do sucesso que o filme alcançou. O roteirista Ernest Lehman baseou-se  no livro “The Story of the Trapp Family Singers”, escrito pela própria Maria Von Trapp, que já havia sido adaptado para uma peça musical com mesmo nome, com musicas de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, musicas estas que foram levadas para o filme.

O cinema alemão já havia realizado dois filmes baseados na história A FAMILIA VON TRAPP(1956) e FAMILIA VON TRAPP NA AMÉRICA(1958), ambos exibidos no Brasil, conforme mostram os recortes acima.
A NOVIÇA REBELDE vem atravessando gerações com sua música, alegria e otimismo. E se, não foi bem recebido pela crítica na época do lançamento, o tempo se encarregou de mostrar seu valor até para o mais enrustido dos críticos. Hoje está listado entre os 100 melhores filmes de todos os tempos e está entre os “1001 Filmes para ver antes de Morrer”, do famoso guia de Steven Jay Schneider. A cena inicial, filmada de um helicóptero,  mostrando Maria cantando “The Sound of Music”, na magnifica paisagem montanhosa austríaca, se transformou em um momento cinematográfico antológico. Com direção de Robert Wise, Julie Andrews e Christopher Plummer são os inesquecíveis protagonistas do filme e, com certeza, não é possível imaginar Maria e Capitão Von Trapp, na interpretação de outros atores.  

Um filme eterno.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

POR VOLTA DA MEIA NOITE, O Cinema na Música


Um filme as vezes transcende sua própria função imagética quando faz de outra arte sua razão de ser. Explico, ou melhor, explícito isso falando de um filme, POR VOLTA DA MEIA NOITE, porque este é um filme que exala música. Um filme pelo qual a música envolve a quem vê e toma, praticamente, todos os sentidos do espectador. Não, não é um musical daqueles que a musica explode nos ouvidos do espectador, contando uma história, ou simplesmente acompanhando belas e alegres imagens ou cenários. POR VOLTA DA MEIA NOITE envolve de uma maneira diferente, colocando o espectador dentro do ambiente musical, não só quando ali escutamos alguns daqueles maravilhosos solos do saxman Dexter Gordon ou quando a divina Lonette McKee canta How Long Has This Been Going, de Gershwin, mas em qualquer cena do filme; De um simples dialogo até as melancólicas paisagens de Paris e Nova Iorque dos anos 50, tudo exala musica. POR VOLTA DA MEIA NOITE(‘Round Midnignt/1986) é uma homenagem, feita por fã, o diretor francês Bertrand Tavernier, a tantas lendas do jazz que povoaram os ambientes enfumaçados das boates de Nova Iorque ou Paris, principalmente nos anos 50 e 60. Músicos fenomenais como Louis Armstrong, Miles Davis, John Coltrane, Duke Ellington ou Chet Baker. Homens tão imersos em sua arte que, muitas vezes, pagaram um preço alto por essa imersão. Mas o filme não é baseado em uma história real. Apesar de que algumas fontes dizem que ele é inspirado nas vidas de Bud Powell(1924/1966) e Lester Young(1909/1959); E, realmente, o diretor Bertrand Tavernier, dedica aos dois o filme. É a história de Dale Turner, um talentoso saxofonista negro dos anos 50, que lentamente está perdendo a guerra para o álcool e as drogas. Nesse contexto ele tem uma oferta prá ir tocar em Paris, que já abriga muitos músicos negros, porque ali eles são respeitados pelo seu talento, independente da cor de sua pele. Vale aqui um aparte de minha parte: esse filme conta a história de um personagem fictício, mas todo o contexto em que ele transcorre é, com certeza baseado em uma história real. Não tenho a menor dúvida quanto a isso.


Voltando ao filme, Dale vai para Paris e entre sua musica fantástica e bebedeiras hospitalares surge em sua vida Francis, um publicitário e cineasta amador, fã incondicional de sua música –com certeza, um alter ego do diretor Tavernier – que toma para si a responsabilidade de salvar Dale e sua música. É sensível a dedicação que Francis se impõe nessa tarefa e a paixão que ele tem pela música de Dale Turner levando o velho saxofonista a uma transformação visceral. Um dos achados do filme é colocar outra lenda do Jazz, o saxofonista Dexter Gordon(1923/1990) no papel de Dale Turner. Dexter, um dos grandes nomes do jazz, teve uma trajetória semelhante a seu personagem no filme; Fez grande sucesso nos anos 50 acompanhando grandes do Jazz como Lionel Hampton, Louis Armstrong, Billy Eckstine e outros; Mas foi só nos anos 60, depois de deixar o vicio, que atingiu seu ápice musical. Muito popular na Europa, viveu lá durante os anos 60 e 70. Consagrado voltou para a América. Apesar de ter algumas figurações em filmes, POR VOLTA DA MEIA NOITE é seu único trabalho como protagonista. E, é claro, fica evidente toda a relação do filme com sua trajetória de vida. Mesmo para o espectador do filme a interpretação que Dexter dá ao personagem, trejeitos, caras e bocas remetem, naturalmente, mesmo para os que não conhecem, a ele próprio. Ele chegou a ser indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro, por esse trabalho. A magnifica trilha sonora de POR VOLTA DA MEIA NOITE, composta por Herbie Hancock, foi premiada com o Oscar e não poderia ser diferente por tudo já escrevi lá no inicio da matéria. Hancock, aliás, também está no filme como ator, bem como Martin Scorsese, que aparece como o generoso e tagarela agenciador de Dale, em sua volta a Nova Iorque. Infelizmente, POR VOLTA DA MEIA NOITE, é um filme esquecido. Melancólico, terno e belo em sua profundidade, é um filme que dificilmente vai fazer parte da programação televisiva e raramente vai aparecer em mostras revisionistas, a não aquelas dedicadas exclusivamente ao jazz. No entanto, vale assisti-lo e se deixar envolver pela sua musica. Musica de uma era de grandes gênios que eram muito pouco valorizados e que, quase sempre, eram vencidos pelo vício e pela decadência.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

OSCAR 2019: Apresentadores, Apresentações e Premiados


Local: Dolby Theatre® at Hollywood & Highland Center® in Hollywood, Los Angeles
Data: Domingo, 24 de Fevereiro de 2019    Hora: 8:00 p.m(LA)/22:00(Brasil)
Diretor: Glenn Weiss
Produtores: Donna Gigliotti & Glenn Weiss
Direção Musical: Rickey Minor
Supervisor de Produção:Rob Paine
Desenho de Produção: David Korins

APRESENTAÇÕES ESPECIAIS(Na ordem em que ocorreram as apresentações):
#Abertura com o Queen, com Adam Lambert,  cantando “We will rock you” e  “We’re the Champions”.
#Um Clipe especial mostrou cenas com vários filmes do ano. Maya Rudolph, Tina Fey e Amy Pohler, fizeram a apresentação inicial.
#Tom Morello apresentou o filme indicado VICE
#Emilia Clarcke apresentou  Jennifer Hudson que cantou  a música "I'll fight", do documentário RBG.
#Serena Williams, apresentou o filme indicado, NASCE UMA ESTRELA
#Queen Latifah, apresentou o clip do filme indicado, A FAVORITA.
#Keagan-Michael Key, apresentou  Bette Midler  que cantou  "The Place Where Lost Things Go", do filme O RETORNO DE MARY POPPINS
#Trevor Noah, apresentou o filme indicado PANTERA NEGRA
#Laura Dern, falou sobre O Museu  do Cinema, que está sendo construído pela Academia de Hollywood.
#Kacey Musgraves, apresentou  Gillian Welch e David Rawlings  cantando  "When a Cowboy Trades His purs for Wings", do filme A BALADA DE BUSTER SCRUGGS
#Dana Carvey e Mike Meyers apresentaram o clip do filme indicado BOHEMIAN RHAPSODY
#Diego Luna e o Chef José Andrés, apresentam o clip do filme indicado ROMA
#Bradley Cooper e Lady Gaga, cantaram a canção indicada “Shallow”, do filme NASCE UMA ESTRÊLA.
#IN MEMORIAN- John Bailey, presidente da Academia introduziu a homenagem ao membros da Industria que faleceram no ano que passou. Gustavo Dudamel e a  LA Philharmonic  conduzem a parte musical do quadro, com uma composição de John Williams.
#Pequena montagem relembrou o The 10th Annual Governors Awards, apresentado no Ray Dolby
Ballroom, de Los Angeles, em 18 de Novembro de 2018, homenageando cinco talentosos membros da   Industria cinematográfica: o publicitário Marvin Levy, a atriz Cecily Tyson, o compositor Lalo Schifrin e os produtores Kathleen Kennedy and Frank Marshall.  E, também, o Scientific & Technical Awards, no Beverly Wilshire Hotel, no sabado, 09 de Fevereiro de 2019, apresentada David Oyelowo
#Barbra Streisand, apresentou o clip do filme indicado INFILTRADO NA KLAN.
#John Lewis e Amanda Stenberg, apresentam o clip do ultimo filme indicado, GREEN BOOK:O GUIA.

APRESENTADORES E PREMIADOS(Na ordem em que ocorreram as premiações):

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Entregue por: Maya Rudolph, Tina Fey e Amy Pohler
Vencedor: Regina King(Se a Rua Beale Falasse/If Beale Street Could Talk )
 
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Entregue por: Jason Momoa e Helen Mirren
Vencedor: Free Solo(Elizabeth Chai Vasarhelyi, Jimmy Chin, Evan Hayes, Shannon Dill)

MELHOR MAQUIAGEM & CABELOS
Entregue por: Elsie Fischer e Stephen James
Vencedor: Vice/Vice (Greg Cannom, Kate Biscoe, Patricia DeHaney)

MELHOR FIGURINO
Entregue por: Melissa McCarthy e Brian Tyree Henry
Vencedor:  Pantera Negra/Black Panther (Ruth E. Carter)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Entregue por: Jennifer Lopez e Chris Evans
Vencedor:  Pantera Negra/Black Panther (Hannah Beachler, Jay Hart)

MELHOR FOTOGRAFIA
Entregue por: Tyler Perry
Vencedor:  Roma/Roma(Alfonso Cuarón)

MELHOR EDIÇÃO SONORA
Entregue por: James MacAvoy e Danai Gurira
Vencedor:  Bohemian Rhapsody/ Bohemian Rhapsody(John Warhurst, Nina Hartstone)

MELHOR MIXAGEM SONORA
Entregue por: James MacAvoy e Danai Gurira
Vencedor: Bohemian Rhapsody/Bohemian Rhapsody (Paul Massey, Tim Cavagin, John Casali)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Entregue por: Javier Bardem e Angela Basset
Vencedor: Roma/Roma(Mexico)

MELHOR MONTAGEM
Entregue por: Michael Keaton
Vencedor: Bohemian Rhapsody/Bohemian Rhapsody(John Ottman)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Entregue por: Daniel Craig e Charlize Theron
Vencedor:  Mahershala Ali(Green Book: O Guia/Green Book)

MELHOR ANIMAÇÃO
Entregue por: Michelle Yeoh e Parrell Williams
Vencedor:  Homem-Aranha no Aranhaverso/Spider-Man: Into the Spider-Verse (Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman, Phil Lord, Christopher Miller)

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Entregue por: Awkwafina e John Mulaney
Vencedor:  Bao (Domee Shi, Becky Neiman)

MELHOR DOCUMENTARIO CURTA METRAGEM
Entregue por: Awkwafina e John Mulaney
Vencedor:  Period. End of Sentence/Absorvendo o Tabu(Rayka Zehtabchi, Melissa Berton)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Entregue por: Paul Rudd e Sarah Paulson
Vencedor: O Primeiro Homem/First Man (Paul Lambert, Ian Hunter, Tristan Myles, J.D. Schwalm)

MELHOR CURTA METRAGEM
Entregue por: Kiki Layne e Krysten Ritter
Vencedor: Skin (Guy Nattiv, Jaime Ray Newman)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Entregue por: Brie Larson e Samuel L. Jackson
Vencedor: Green Book: O Guia/Green Book (Nick Vallelonga, Brian Hayes Currie, Peter Farrelly)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Entregue por: Brie Larson e Samuel L. Jackson
Vencedor:  Infiltrado na Klan/BlacKkKlansman (Charlie Wachtel, David Rabinowitz, Kevin Willmott, Spike Lee)

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Entregue por: Tessa Thompson e Michael B. Jordan
Vencedor:  Pantera Negra/Black Panther (Ludwig Göransson)

MELHOR CANÇÃO TEMA
Entregue por: Constance Wu e Chadwick Boseman
Vencedor  Shallow(Nasce uma Estrela/A Star Is Born) Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando, Andrew Wyatt

MELHOR ATOR
Entregue por: Allison Janney e Gary Oldman
Vencedor:  Rami Malek (Bohemian Rhapsody/ Bohemian Rhapsody)

MELHOR ATRIZ
Entregue por: Frances McDormand e Sam Rockwell
Vencedor:  Olivia Colman(A Favorita/The Favourite)

MELHOR DIREÇÃO
Entregue por: Guillermo del Toro
Vencedor: Alfonso Cuarón(Roma/Roma)

MELHOR FILME DO ANO
Entregue por: Julia Roberts
Vencedor: Green Book: O Guia/Green Book(Jim Burke, Charles B. Wessler, Brian Hayes Currie, Peter Farrelly, Nick Vallelonga)